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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

O Livro de Jack (Barry Gifford, Lawrence Lee)
















Os autores desta biografia oral de Jack Kerouac (1922-1969) cruzaram os Estados Unidos durante três anos entrevistando 'pessoas que Jack conhecia, amava e odiava', para compor este documento histórico e literário sobre a geração beat e um de seus ícones por excelência. Barry Gifford e Lawrence Lee saíram a campo como quem segue 'os procedimentos de canonização da Igreja Católica'. A conversação começa com seus amigos de infância e adolescência, companheiros que ele converteria em personagens da novela fantástica Doctor Sax, bem como uma quase namoradinha. Mary Carney, que viria a protagonizar o romance Maggie Cassidy. Mas a pedra-de-toque são os valiosos depoimentos do 'núcleo duro' da beat generation como Allen Ginsberg, William Burroughs, Lucien Carr, John Clellon Holmes, Herbert Huncke e outros que viriam somar-se ao movimento, como Carl Solomon, Gregory Corso e Gary Snyder, para citar alguns, organizando um vívido painel de época em que se movem estes 'andarilhos melvilleanos' (Ginsberg), com sua queda pelo submundo e pelo uso de drogas para fins recreacionais. Misto de biografia e 'enorme conversa transcontinental', 'O Livro de Jack' acompanha seu protagonista em sua trajetória obstinada em busca de uma prosa afinada com o jazz bop, enquanto abria mão de uma carreira esportiva como jogador de rúgbi e entrava e saía - de imediato - de múltiplos empregos, tanto quanto de casamentos breves. Quando a América entrou na 2ª Grande Guerra, Kerouac engajou-se na Marinha Mercante como cozinheiro, a bordo do S.S. Dorchester, e quase virou uma baixa quando os alemães puseram seu navio a pique. Também se alistou no corpo de Fuzileiros, mas acabou dispensado por insubordinação; atirou seu rifle ao chão durante um exercício, e abandonou o quartel. No final de 1945, um personagem fundamental junta-se à vida boêmia dos camaradas beat; Neal Cassady, 'o belo ladrão de carros', 'o marginal de reformatório com talento poético', o andarilho pansexual que lia muita filosofia, e que cativou praticamente a todos, exceto a William Burroughs, que viu nele apenas um sociopata com tendências suicidas. Ginsberg teve um caso amoroso com Cassady, a quem chegou a propor uma união monogâmica, ou, pelo menos, que vivessem juntos com uma mulher de quem ambos gostassem, projeto que nunca se concretizou. No entanto, a segunda esposa de Neal, Carolyn, chegaria a encontrá-lo na cama com Allen Ginsberg e Luanne Henderson, a primeira ex-esposa de Cassady.










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