O livro conta com dezenas de fotos do acervo de Patrícia Highsmith e é assinado por Joan Schenkar, importante dramaturga contemporânea dos EUA. No livro, além de arquivos, diários, correspondências e relatos de amigos íntimos, despontam as várias personas de Highsmith: criadora de ficções policiais que renovaram o gênero, americana de "alma" europeia, escritora de histórias em quadrinhos, mulher que se recusou a conhecer Alfred Hitchcock nas filmagens de seu primeiro romance, Pacto Sinistro, que lhe deu fama mundial nos anos 1950. Mais do que mostrar os fatos que compõem sua vida e obra, o livro apresenta lados ocultos da autora. Bastidores que, a despeito de sua trajetória de sucesso, apontam para uma personalidade reclusa, obsessiva e apaixonada. Uma mulher que sentia-se insegura para assinar com seu próprio nome obras mais pessoais, que revelavam sua intimidade (como em Carol, de 1952, primeiro romance norte-americano sobre um amor passional entre duas mulheres, que publicou sob o pseudônimo de Claire Morgan) e era envolvente, interessante e capaz de prender a atenção de todos com as histórias dos personagens que criava. A obra permite entender porque a criadora do amoral personagem Tom Ripley acabou sendo referência para diretores como Wim Wenders, Anthony Minghella, Liliana Cavani e o escritor Peter Handke. Nascida em 1921 na pensão de sua avó em Fort Worth, Texas, Highsmith passou a juventude em Nova York, no efervescente Greenwich Village dos anos 1940, "as quatro milhas quadradas mais livres da Terra". Encantadora, reservada e desejada por muitos, viveu nos limites da transgressão. A vida amorosa, uma caixa de Pandora com muitas mulheres interessantes e alguns homens convenientes, foi a fonte de inspiração para a sua obra. E o longo auto-exílio na Europa, onde acabou morrendo solitária, ajudou-a a gerar o mito que a envolve, o de "Dama Negra das Letras Americanas".
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